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CLARK E SENNA: SEMELHANÇAS

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SUPER GÊNIOS

Jim Clark e Ayrton Senna foram gênios em suas respectivas épocas. Eles dois foram ao lado de Fangio os pilotos com as atuações mais assombrosas da história da F1. Eles disputaram vários títulos com carro inferior e venceram corridas com carro danificado, algo raro na história desse esporte, por isso eles estão num patamar único de grandes gênios da F1.

 

Ambos nasceram no mesmo mês, Clark nasceu dia 4 de março de 1936 e Senna nasceu em 21 de março de 1960.

Eles não tiveram moleza, pois correram contra pilotos considerados acima da média como Graham Hill, Jack Brabham, John Surtees, Denny Hulme, Jackie Stewart e Dan Gurney (adversários de Clark), e Niki Lauda, Nelson Piquet, Alain Prost, Nigel Mansell, Keke Rosberg e Michael Schumacher (adversários de Senna).

Nos QUALIFYINGS ambos eram absurdamente rápidos. No percentual de sucesso frente aos seus companheiros de equipe em treinos, Senna tem 89% contra 83% de Clark, e nas poles por corrida disputada, Senna tem 40% contra 46% de Clark, percentuais bem parecidos. 

 

Em CONDIÇÕES NORMAIS DE CORRIDAS, que são aquelas não oriundas de abandonos ou problema no carro ou ordem de box ou pit stop demorado, Clark só foi batido 3 vezes (uma vez por John Surtees em 60 e duas vezes por Innes Ireland em 60/61) enquanto Senna foi batido apenas 5 vezes (todas por Alain Prost em 88).

Especialistas que viram os dois correr (Peter Warr, Jo Ramirez, Stirling Moss, Christopher Hilton, Alex Hawkridge, Gerard Crombac, Francisco Santos, etc) veem muitas similaridades no talento deles dois. Ambos pilotavam com alto padrão de genialidadecapazes de andar rápido em quaisquer circunstâncias: treinos, corrida, seco, chuva, pista de rua ou pista rápida, fora isso, tanto Senna como Clark fizeram muito mais poles do que vitórias (Senna 65 x 41, Clark 33 x 25), outra coincidência entre eles.

 

Mas as semelhanças não param por aí, elas vão até nos fatos acontecidos na carreira de cada um deles.

GENIALIDADE

 

Antes de chegar à F1, Jim Clark teve 23 vitórias em 53 corridas de carros esporte em 1959 (Lister, Jaguar e Lótus Elite), foi Campeão F3 Inglesa (Junior) 1960 e em 1964 já correndo na F1, ele foi Campeão BTCC-Campeonato Inglês de Turismo com Lótus Cortina. Em 1965 Jim Clark foi melhor ainda, ganhou tudo que disputou: Campeonato de F1, Indy 500, 200 milhas de Riverside, Corrida dos Campeões, Copa da Tasmânia e F2 Francesa.

Antes de chegar à F1Senna ganhou os títulos da F Ford 1600 em 1981, F Ford 2000 em 1982 e F3 Inglesa em 1983, conquistando 47 vitórias em 68 corridas (70% de vitórias por corrida) em 3 anos. No primeiro contato na F1 bateu os tempos dos pilotos oficiais das equipes (com exceção de Piquet no teste da Brabham), na primeira vez que correu em Mônaco debaixo de chuva quase ganhou a corrida, na primeira vez que correu num carro de Turismo com Mercedes 190E, derrotou todos os medalhões da F1 e no 1o teste na F Cart em Dezembro de 1992, andou mais rápido que o piloto titular (Emerson Fittipaldi). 

PRIMEIROS PONTOS, PÓDIO E VITÓRIA NA F1

Jim Clark e Ayrton Senna marcaram seus primeiros pontos em suas 2as corridas na F1 (GP Bélgica 1960 e GP África do Sul 1984). Eles também marcaram pontos nas suas respectivas 3as corridas (GP França 1960 e GP Bélgica 1984) e seus primeiros pódios nas suas respectivas 5as corridas (GP Portugal 1960 e GP Mônaco 1984).

Senna venceu pela primeira vez na sua 16a corrida, enquanto Clark na sua 17a corrida na F1, ambos pela lendária equipe Lotus.

PRIMEIRA VOLTA AVASSALADORA

 

No GP Alemanha 1962 Jim Clark passou 17 pilotos na 1a volta, feito considerado impressionante até hoje, haja vista que Nurburgring era uma "pista de estrada", difícil de se passar por causa da sucessão de curvas e retas curtas.

 

No GP Europa 1993, Senna passou 5 carros e abriu 1s na primeira volta na chuva, e depois abriu 4,2s na segunda volta das Williams. Devemos ressaltar que Donington Park era uma pista curta e a Williams no seco era cerca de 1s mais rápida que a McLaren, ou seja, Senna conseguiu tirar cerca de 2s de diferença para a performance da Williams numa única volta, por isso foi um feito considerado impressionante. 

Muitos comparam as duas atuações deles e consideram as maiores atuações de um piloto numa 1a volta da F1.

GANHAR COM CARRO DANIFICADO

No GP França 1963, Jim Clark ganhou os com motor limitado em 9.500 RPM. No GP Bélgica 1964 Clark, seu carro estava "fervendo", ele parou no boxe 1 minuto para colocar água no radiador, voltou, se recuperou e venceu a corrida. No GP EUA 1967 o escocês ganhou com a suspensão traseira quebrada.

No GP Inglaterra 1965 Jim Clark ganhou a corrida sem pressão de óleo e para isso ele desligava o motor nas curvas e o religava nas entradas de retas (Fonte Livro a História de Jim Clark pg 114 e Revista Auto Esporte setembro 1965 pg 40 e 42) numa situação similar a Senna, que ganhou o GP San Marino 1991 com a luz do óleo indicando perda de pressão e teve que mudar sua pilotagem para não quebrar o motor.

Senna ainda ganhou no GP Mônaco 1989, sem a 1a e 2a marchas (Fonte: Anuário F1 1989 pg 27), ganhou o GP Brasil 1991 só com a 6a marcha nas últimas voltas, numa pista onde usar as marchas mais baixas é fundamental para não deixar o motor morrer. Na GP Bélgica 1991 ganhou de novo com câmbio quebrado e no GP Itália 1992 ganhou com câmbio e escapamento quebrados.

Situações assombrosas, que mostram o talento desses dois gênios das pistas.

DISPUTA DE TÍTULO COM CARRO INFERIOR

Outra característica entre ambos é que eles disputaram títulos com carro inferior.

Clark disputou o título até a última corrida do ano contra Graham Hill na BRM em 1962 e 1964, e contra John Surtees na Ferrari em 1964. Nesses anos a Lotus tinha um bom carro, mas possuía problemas de confiabilidade e jim Clark abandonava muitas corridas. Por falta de sorte, o escocês quebrou nas últimas voltas das últimas corridas dessas temporadas (África do Sul 1962 e México 1964) quando liderava e estava com os títulos nas mãos.

Senna liderou os campeonatos de 1986, 1987 e 1993, disputando o título até a a parte final do campeonato, mesmo que não tenha chegado na última corrida do ano com chances de ser campeão. Nessas temporadas, Senna estava a bordo da Lotus 86/87 e da McLaren 93, que eram as 3as forças dessas temporadas, mas ainda assim Senna conseguiu vencer 9 corridas nesses 3 anos, feito fantástico, face a alta competitividade dessa época.

PERDA DE TÍTULO POR CAUSA DAS QUEBRAS

Jim Clark perdeu 2 títulos por causa das quebras em 1962 e 1964 (como citado acima): no GP África do Sul 1962, Clark ficou sem óleo no motor a 21 voltas do final e no GP México 1964 seu motor ficou sem óleo na última volta da última corrida do ano, em ambos os casos ele já estava próximo de ser campeão. 

 

Senna perdeu os títulos de 1985 e 1989 por causa das quebras. Em 1985 ele foi o piloto que mais liderou corridas (270 voltas e 9 corridas),  mas teve 6 quebras e duas panes secas (5 delas quando liderava) e perdendo cerca de 45 pontos. Em 1989 ele também foi o piloto que mais liderou corridas, mas teve 4 quebras (3 delas quando liderava) e perdeu cerca de 33 pontos. Devemos lembrar que a equipe McLaren o inocentou de todas as quebras: Canadá 1989: água na tomada de ar do motor, EUA 1989: problema elétrico, França 1989: câmbio, Itália 1989: vazamento de óleo do motor (Fonte: Anuário F1 1989 pg 27/28).

MORTES NO AUGE, COM COMPANHEIRO HILL, POR FALHAS MECÂNICAS E FRATURA NO CRÂNIO

Jim Clark e Ayrton Senna estavam no auge quando morreram e tinham companheiros de equipe com o mesmo sobrenome (Graham Hill e Damon Hill). Com toda a certeza, eles iriam fazer mais poles, ganhar mais corridas, mais títulos na F1 e seriam mais facilmente reconhecidos como SUPER GÊNIOS da F1 no mesmo nível do Fangio.

Clark morreu numa corrida de F2 em Hockenheim 1968, numa batida contra uma das árvores numa das curvas, onde Graham Hill disse que foi por falha no Sistema de Direção do carro. (Veja Reprodução abaixo do Jornal O Globo 08/04/1968)

Ayrton Senna morreu em San Marino 1994, por mais que a Williams negue, tudo indica que foi falha mecânica, causada pelo rompimento da coluna de direção (VEJA ABA SOBRE A MORTE DE SENNA EM 1994). 

Outra coincidência é que Fangio teve o mesmo problema de fissura na barra de direção no GP Itália 1956, poderia ter sofrido acidente e morrido, mas conseguiu se dirigir ao boxe.

Ambos morreram devido a fraturas no crânio.

Morte de Jim Clark O Globo 08041968.jpg

                                                           Reprodução Jornal O Globo 08/04/1968

 

ÉPOCA DE POUCOS TALENTOS APÓS SUAS MORTES

Outra coincidência bastante peculiar: após as mortes de Jim Clark e Ayrton Senna a F1 passou por épocas com poucos pilotos geniais, ou seja, veio um período de "vacas magras".

Em 1968, após a morte de Clark, Graham Hill e Jack Brabham deveriam ser seus substitutos naturais como melhores pilotos da F1, mas ambos não estavam nos seus melhores dias. Outro piloto talentoso desse período era Dan Gurney, mas o norte-americano estava dirigindo carros pouco competitivos. Nessa "lacuna" surgiu Jackie Stewart, que dominou implacavelmente os pilotos novatos que surgiram naquela época (Jochen Rindt e Jack Ickx), ganhando os campeonatos de 1969 e 1971 com extrema facilidade. Somente em 1970 com o surgimento de Emerson Fittipaldi e Ronnie Peterson, a geração de pilotos da F1 se fortaleceria novamente, e esses dois pilotos seriam adversários de Jackie Stewart no campeonato de 1973.

Em 1994, após a morte de Senna, a F1 passou por uma transição traumática. A situação estava tão ruim que Frank Williams tentou chamar de volta da aposentadoria Patrese, Piquet e Prost, mas todos negaram. Ele teve que se contentar com Hill, Coulthard, Villeneuve, Frentzen, que eram bons pilotos, mas estavam muito abaixo dos grandes pilotos dos anos 80. O único gênio dessa geração era Schumacher e o único que podia fazer frente ao alemão em termos de velocidade em carros razoavelmente equivalentes era Mika Hakkinen, mas o finlandês era um piloto muito irregular, capaz de mesclar atuações geniais com atuações fracas, principalmente depois do acidente que ficou em coma em 1995. 

 

Somente em 2001 com o surgimento de três pilotos da geração 2000 (Montoya, Raikkonen e principalmente Alonso), a F1 seria renovada novamente, e daria trabalho a Michael Schumacher nos anos seguintes.

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