top of page

MORTE DE SENNA EM SAN MARINO 1994

Senna_Tamburello_94.jpg

Analisando a tese de defesa da Williams sobre o acidente que vitimou Ayrton Senna em 1994, podemos encontrar diversos erros grosseiros do ponto de vista da FÍSICA e da METODOLOGIA CIENTÍFICA, isso nos faz pensar que o objetivo da defesa não era esclarecer os fatos, e sim eximir a equipe de culpa no acidente. 

1)INCONSISTÊNCIAS NAS TESES SOBRE A CAUSA DO ACIDENTE:

A tese de Defesa da Williams apresentada nos tribunais é a mesma que foi mostrada pelo Canal National Geographic. Ela omite a análise do Microscópio Eletrônico na área rompida da Coluna de Direção e nos induz a pensar que a causa do acidente estaria relacionada a baixa temperatura dos pneus e na perda de sustentação do carro.

Vamos analisar abaixo as principais causas levantadas do acidente, sempre verificando se elas são procedentes ou não. 

 

1.1) PERDA DA TEMPERATURA DOS PNEUS:

 

Essa tese relata que a entrada do Safety Car na pista e a baixa velocidade dos carros, fizeram os pneus esfriarem, e isso fez o carro perder altura em relação ao solo, seu assoalho bateu no asfalto, gerando a perda do controle do carro.

 

O grande problema dessa tese é que a relargada da corrida aconteceu na volta 6, quando Senna passou na Tamburello com os pneus frios, acelerando tudo que podia para se afastar da Benetton do Schumacher e nada anormal aconteceu com a Williams, e o acidente aconteceu na volta seguinte (volta 7), quando os pneus já foram aquecidos. Segundo os especialistas naquela época os pneus do F1 demoravam apenas 2 km para atingir a temperatura ideal e a temperatura da pista estava alta nesse dia (Fonte: Anuário F1 1994 pg 75). Não há explicação plausível para os pneus estarem mais frios na volta 7 do que na volta 6, que foi a volta da relargada da corrida.

Essa tese não se sustenta.

 

1.2) BAIXA ALTURA DO CARRO EM RELAÇÃO AO SOLO:

 

Essa é uma variante da tese dos pneus frios citada acima, só que dessa vez põe a culpa na altura do carro em relação ao solo, que causou a batida do fundo do carro na pista e a perda da sustentação aerodinâmica. Vamos supor que essa tese seja verdadeira, para verificar a sua veracidade.

 

No exato momento que o carro perde sustentação, ele estava com 3,62 força G (lembrando que a força G é proporcional a massa, ao quadrado da velocidade na curva e inversamente proporcional ao raio da curva), quando Senna percebe o problema no carro, tira o pé do acelerador, freia e reduz duas marchas e a velocidade de carro cai de 310 km/h para 216 km/h em aproximadamente 1,5s, se deslocando aproximadamente 100 metros até o muro.

 

Essa desaceleração geraria a transferência de peso para a frente do carro, que seria suficiente para retornar a aderência dos pneus e o controle do carro voltar para as mãos de Senna, que por sua vez teria tempo para desviar do Muro da Tamburello. Essa manobra provocaria uma rodada no carro em torno do seu eixo (saída violenta de traseira), o que definitivamente não aconteceu no acidente. 

Além do mais, o professor Alberto Bucchi, chefe do Instituto de Infraestrutura Viária da Universidade de Bolonha, foi o  responsável por analisar o asfalto da Curva Tamburello, ele verificou que havia marcas de freadas no asfalto da Tamburello, o que é incompatível com a tese da "perda de sustentação aerodinâmica". (Fonte: Revista Veja 03/05/1995 pg 92)

A Curva Tamburello era uma curva fácil para os pilotos da F1, nunca exigiu o limite do carro, feita com "pé embaixo" sem nenhum grau de dificuldade. Especialistas dizem que só uma quebra poderia fazer o carro perder o controle e todos que bateram nela (Piquet em 87, Berger em 89, Alboreto em 91 e Patrese em 92) disseram que tiveram algum problema no carro. Mas essa tese da Williams alega que "o carro perdeu sustentação aerodinâmica por estar baixo" e isso causa estranheza, pois durante o fim de semana, Senna passou dezenas de vezes nesse ponto sem nenhum problema.

 

Fora tudo que foi exposto acima, o carro de F1 gera mais de 1000 kgf de força descendente a 300 km/h, e mesmo que num lapso de tempo o carro perca sustentação aerodinâmica, logo em seguida os pneus voltariam a entrar em contato com o solo devido a força descendente gerada pelos aerofólios. 

Essa tese é possível, mas é extremamente improvável.

 

1.3) FURO DO PNEU OU QUEBRA DA SUSPENSÃO OU AEROFÓLIO OU TIRO DE UM ATIRADOR:

 

Uma quebra da suspensão ou furo no pneu traseiro esquerdo ou quebra do aerofólio dianteiro seriam capazes de fazer o pneu dianteiro direito (pneu de apoio da curva) sair do chão e com isso fazer o carro passar reto na Tamburello.

 

Através de vídeos e fotos, não foram encontrados indícios de quebra da suspensão traseira esquerda ou furo no pneu ou quebra de aerofólio dianteiro. Por esse motivo, essa tese também não faz o menor sentido.

A hipótese de Senna ter levado um tiro na cabeça, também não condiz com os fatos observados na dinâmica do acidente, pois ao perder o controle do carro, a telemetria demostrou que Senna reduziu duas marchas e freou, provando que ele estava vivo momentos antes de bater no muro da Tamburello.

 

Essa tese também não faz o menor sentido.

Traseira da Williams Senna 1994.png

2) WILLIAMS OMITIU A FADIGA DA COLUNA DE DIREÇÃO:

 

É muito importante explicar o que acontece com um carro numa curva: a INÉRCIA tenta direcionar o carro para andar em linha reta e as mãos do piloto seguram o volante para fazê-lo permanecer na trajetória curvilínea. 

 

2.1) TELEMETRIA DA COLUNA DE DIREÇÃO:

Fazendo uma análise cronológica dos dados do Sistema de Direção da Williams com o comportamento do carro, vemos que a telemetria corrobora 100% com o fato da Coluna de Direção ter se rompido ANTES do acidente:

Momento 1) Antes da perda de controle do carro, a telemetria registrou um pico anormal nos esforços no sistema de direção, indicando alguma anomalia nesse dispositivo (veja acima a telemetria reproduzida no Jornal O Globo de 15/08/1994).

Momento 2) No momento seguinte o carro deixa de fazer a trajetória curvilínea e passa a fazer uma trajetória retilínea, por causa da Inércia do carro. Essa mudança repentina para trajetória retilínea faz com que a Coluna de Direção sofra uma rápida rotação (torção) no sentido horário (para o referencial sentado no carro), mesmo com o volante não respondendo mais ao comando

Telemetria Williams 94.png

Reproduzido do jornal O Globo dia 15/08/1994

Momento 3) Logo em seguida, a Coluna de Direção começa a ser controlada pelo movimento dos pneus nas imperfeições do asfalto, gerando vibrações, que por sua vez geraram movimentos de flexão e de rotação na coluna. Esses esforços ficaram registrados na Telemetria do Sistema de Direção do carro.

Momento 4) Depois que o carro bate no muro e para, o Sistema de Direção passa a registrar zero esforço na coluna de direção. Isso também é normal devido à desaceleração e à parada total do carro.

2.2) ERRO GRAVE DA TESE DA DEFESA DA WILLIAMS:

A argumentação apresentada no vídeo da National Geographic relata que "Seria impossível que a coluna estivesse rompida antes do acidente, pois a telemetria registrou esforços até a batida no muro." Isso é uma afronta às LEIS DE NEWTON.

 

Nmedida que a Coluna de Direção se rompe, a parte debaixo do sistema de direção continua recebendo os esforços oriundos dos pneus em contato com imperfeições do asfalto. Além disso há os EFEITOS INERCIAIS DO CARRO, pois o carro saiu de uma trajetória curvilínea para uma retilínea, fazendo a coluna rotacionar no sentido horário. Por esse motivo ficaram registrados esforços no sistema de direção do carro até a sua parada total.

A tese da Defesa da Williams seria verdadeira se o carro estivesse em repouso encima de cavaletes, o que não era o caso, pois o carro estava em movimento curvilíneo sob o efeitos inerciais, daí a FALHA GROSSEIRA dessa premissa.

A Defesa da Williams apresentou nos Tribunais simulações em condições severas provando que a Coluna aguentaria a solicitação dos esforços, mas estrategicamente esses testes foram feitos com materiais com especificações originais, que não foi o caso da Coluna de Direção soldada com uma luva com diâmetro menor que a Coluna. (Fonte: Revista Veja 03/05/1995 pg 95)

2.3) ANÁLISE NO MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DO CENTRO DE METALURGIA DA FACULDADE DE BOLONHA:

A análise com o Microscópio Eletrônico é incontestável do ponto de vista científico. A ruptura POR FADIGA e a ruptura FRÁGIL (rápida ou catastrófica) apresentam padrões que são facilmente diferenciados no microscópio.

A Análise do Microscópio Eletrônico da Faculdade de Bolonha evidenciou a coluna de direção estava 60% rompida POR FADIGA (ruptura lenta ou fratura dúctil) devido aos esforços de torção (rotação) e de flexão (trepidação da pista) realizados pela coluna. Com esse nível de FADIGA na volta 7 da corrida fica absolutamente claro que a Coluna de Direção não aguentaria 58 voltas, o Perito italiano que analisou a Coluna de Direção concluiu que ela estava com sua resistência bastante comprometida devido ao procedimento de solda realizado pela equipe Williams no fim de semana.

 

Se a coluna de Direção estivesse 100% rompida por ruptura frágil (rápida ou catastrófica), o argumento de Defesa da Williams seria procedente, o que definitivamente não foi o caso.

3) COMO A COLUNA DE DIREÇÃO SE ROMPEU:

Segue a transcrição da Revista Veja de 03/05/1995 pg 93 sobre o assunto:

“Os peritos voltaram, então, à coluna de direção. Advogados da Williams ouvidos no inquérito admitiram que ela se quebrara, mas sustentaram que a coluna se rompeu quando o carro trombou no muro - foi decorrência do acidente, e não sua causa. Nessa hora, o testemunho dos especialistas foi decisivo. Eles explicaram que, quando um metal se rompe repentinamente, como no caso de um choque violento contra o muro, ele apresenta deformações em ângulos e formas característicos, facilmente verificáveis, através de microscópios eletrônicos.

Mas a ruptura da haste poderia ter sido provocada pelo processo de "fadiga do material", expressão que se emprega quando um metal se rompe devido a solicitação ou esforço repetido. Se o rompimento é causado pela fadiga, há outro tipo de sinais característicos, as estrias. Essas marcas surgem a cada ciclo de solicitação, isto é, a cada vez que o metal é submetido a um tipo de esforço, como torção ou flexão. No caso da coluna de direção do carro de Senna, esses dois esforços ocorriam. A torção se dava quando ele virava o volante para manobrar o carro. E a flexão era produzida pela trepidação e vibração da Williams. Colocada no microscópio eletrônico do Instituto de Metalurgia da Faculdade de Engenharia de Bolonha, a parte fraturada da coluna de direção do carro de Senna mostrou uma área com estrias de fadiga de 60%. "Esse método é usado em qualquer parte do mundo; do ponto científico, não há como contestar os resultados", diz um técnico que participou do exame de laboratório.

 

No dia 28 de junho, outros peritos, incluindo um engenheiro da Williams, foram chamados ao Instituto de Metalurgia. Na tela do microscópio, comparável à de uma televisão pequena, surgiram as estrias."

"O engenheiro da Williams CALOU A BOCA imediatamente, qualquer um se lembra das lições elementares do tempo da faculdade", diz o técnico italiano. "Eu mesmo fiquei muito surpreendido com o que constatei, quando ouvia falar de Fórmula 1 pensava em tecnologia sofisticada, e o que vi não tinha nada disso."

 

Fonte: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/050203/senna.html de 03/05/1995 (Infelizmente a Revista VEJA retirou essa matéria da internet) ou Revista Veja 03/05/1995 pg 90 a 95.

Fora isso, os peritos que analisaram a coluna rompida e concluíram que a Williams ao soldar a coluna de direção reduziu a espessura da mesma. (Fonte: AutoSprint e Jornal O Globo de 01/05/1995 pg 9)

O professor Lorenzini da Faculdade de Bolonha na Itália, responsável pela análise da Coluna de Direção do carro de Senna falou:

"Ela estava mal soldada cerca de 1/3 da descida e não aguentou o esforço da corrida. Encontramos arranhões na rachadura da Barra de Direção. Parecia que o trabalho tinha sido feito às pressas, mas não posso dizer quanto tempo antes da corrida. Alguém tentou alisar a junta após a soldagem. Nunca vi nada parecido. Acredito que a haste estava com defeito e provavelmente rachou mesmo após o aquecimento. Momentos antes do acidente, apenas um pequeno pedaço ficou conectado, e portanto o carro não respondeu na curva."

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=KGTu6EuEzuA (CANAL FORMULA BRUMNH Vídeo sobre Adrian Newey e a Williams 1994)

Existe um vídeo no youtube reconstituindo como quebrou a coluna de direção, vale a pena assistir para entender o que aconteceu. https://www.youtube.com/watch?v=viraD1_gsAs

4) A SOLDA DE UM METAL REQUER UM PROFISSIONAL CAPACITADO PARA SUA EXECUÇÃO:

 

Existe material na Wikipedia, bastante elucidativo falando sobre o conceito de fratura dúctil (fratura lenta ou colapso plástico) e a fratura frágil (fratura rápida ou ruptura catastrófica).

 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fratura_dos_materiais

Sobre a causa do rompimento da coluna de direção, existe um vídeo no canal “Energia Mecânica” muito esclarecedor sobre os problemas na solda de metais.

Vídeo: Entenda por que uma solda mal feita, muito provavelmente foi causa do acidente que vitimou Ayrton Senna (Trincas em solda). Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Kmean-1DOJY&t=395s

Revista Veja 03 05 1995.jpg

Revista Veja 03/05/1995

Coluna Direção Williams 1994_edited.jpg

Foto da Coluna de Direção da Williams de Senna.

5) PNEUS DIRECIONADOS PARA FORA DA CURVA:

 

Esse não é um argumento conclusivo, pois é difícil analisar com precisão as imagens de uma câmera on board do F1, mas pelos quadros acima "congelados" na entrada e no meio da Curva Tamburello, fica a impressão que no meio da Tamburello as rodas estavam apontadas em linha reta, quando deveriam estar apontadas ligeiramente para a esquerda. Mas reitero que esse argumento não é conclusivo e não pode ser usado como evidência da causa do acidente.

Veja abaixo da telemetria reproduzida da Revista Auto Sprint que a 310 km/h ocorre ANOMALIA no Sistema de Direção do carro, Senna percebe o problema e tira o pé do acelerador. Décimos de segundo depois, já com o carro escapando para fora da curva, a telemetria acusou decréscimo da pressão hidráulica do Sistema de Direção, logo em seguida dois picos de pressão hidráulica absolutamente ANORMAIS. Note que tudo isso aconteceu ANTES da batida na Tamburello.

 

Isso é uma evidência que algo muito grave aconteceu no Sistema de Direção da Williams ANTES antes do impacto no muro.

Camara_On_Board_Senna_SanMarino_94 (3).jpg

Imagens congeladas no começo e no meio da Curva Tamburello

Camara_On_Board_Senna_SanMarino_94 (4).jpg
Telemetria Senna 94.jpeg

A Revista AUTOSPRINT na sua edição de 1994 apresentou gráfico idêntico ao apresentado pelo Jornal O Globo.

6) MOVIMENTO ANORMAL DO VOLANTE DA WILLIAMS:

Existem dois vídeos no Youtube feitos por Haris Topal e Luís Goulart, comparando o movimento do botão amarelo do volante da Williams de Senna no qualifying de sexta-feira com movimento do botão no domingo na volta 6 da corrida. O botão amarelo do volante da Williams no Domingo apresentou um deslocamento anormal em relação a ele mesmo na sexta-feira, provavelmente por que a Coluna de Direção já estava em processo de ruptura por FADIGA, conforme se comprovou mais tarde na Análise Eletrônico na Faculdade de Bolonha, por isso o volante foi descendo aos poucos.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=tcPgZj5TLU0 (Senna Imola Crash Analysis 2023 - Steering lap 6) e https://www.youtube.com/watch?v=DdRKF9M0jvo (Senna Imola Crash Analysis 2022 Steering Column Fail)

Movimento Botão amarelo Williams Senna 94.jpg

7) CONCLUSÃO:

 

A Tese Defesa da Williams é um tiro sem nexo. Ela não se alinha com os princípios da FÍSICA, omite a Análise do Microscópio Eletrônico e também não é coerente com o comportamento do carro que foi observado durante o acidente.

Primeiro, se baseou numa PREMISSA FALSA, ao afirmar que "se a Coluna de Direção tivesse sido rompida antes do acidente, os esforços não teriam sido registrados pela Telemetria". A Física prova que mesmo com a coluna de direção rompida numa curva, ela apresenta movimento rotacional no sentido horário devido a INÉRCIA do carro e o contato dos pneus no solo. 

Segundo, omitiu a Análise do Microscópio Eletrônico que é uma análise incontestável do ponto de vista científico baseado na RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS. Essa análise provou que a coluna estava 60% rompida por fadiga.

Terceiro, nos induziu a pensar que o carro perdeu sustentação e/ou que os pneus estavam frios ou que o carro estava baixo demais e isso o fez bater no chão. Só esqueceram de avisar que se essa tese fosse verdade, o carro sairia de traseira, nunca de frente.

Eu já li relatos de estudantes da Faculdade de Engenharia que fizeram simulações computacionais do acidente de Senna na curva Tamburello e corroboram que a perda de sustentação geraria uma saída de traseira, NUNCA uma saída de frente. 

Os Engenheiros da F1 são os melhores engenheiros do mundo, claro que eles sabiam que havia INCONSISTÊNCIAS na tese defesa da equipe Williams. Seguindo esse ponto de vista, fica claro que Patrick Head, Adrian Newey, Frank Dernie, Damon Hill, David Coulthard e outros membros da Williams se uniram para defender a equipe a todo o custo, de modo a eximir a equipe de culpa.

O próprio Adrian Newey eu sua biografia falou sobre a coluna de Direção: "Não importa se essa coluna de direção causou o acidente ou não. É impossível esquecer que o eixo era uma peça mal desenhada, que nunca deveria ser permitida em um carro."

Jo Ramirez (ex-chefe dos mecânicos da McLaren) deu entrevista dizendo que sabia que o rompimento da Coluna de Direção fora a causa do acidente que vitimou Senna. Hill dissera em entrevista que Senna errou no acidente da Tamburello, Ramirez esteve pessoalmente com Damon, repreendeu o inglês e concluiu que Hill falou isso por conta do Julgamento nos tribunais italianos da equipe Williams, o que na minha opinião faz todo o sentido. 

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=p7c3jhwbuhQA (Entrevista de Jo Ramirez- Canal Enerto)

Antônio Pizzonia: "Várias pessoas falaram que escutaram ele (Frank Williams) falar: "Eu matei, eu matei", realmente se culpando, por que ele sabia que era uma falha técnica do carro. Tudo mundo já avisava que esse assunto era muito delicado." Ele completou dizendo que o assunto era proibido dentro da equipe e que estava na fábrica da Williams no dia que o carro de Senna que estava na Polícia Italiana por anos, voltou para as mãos da equipe, e por ordem de Frank Williams esse carro foi destruído.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Oqcfb9GO6zY (Canal Enerto)

Se o objetivo da Defesa da Williams era tornar o processo nebuloso, gerar mais dúvidas do que respostas e para eximir a equipe de culpa no acidente de Senna, eles conseguiram, pois foram absolvidos nos Tribunais. Mas em 2005 o processo foi reaberto, Patrick Head foi considerado culpado pela morte de Senna, mas o caso estava prescrito e ninguém foi punido.

8) COMO SERIA A TEMPORADA DE 1994 COM SENNA VIVO? 

A morte de Senna mudou completamente os rumos do campeonato de 1994, como alteração do regulamento dos carros que só aconteceu por pressão da mídia internacional após a morte do brasileiro, algo que não aconteceria de ele tivesse saído vivo de Imola, e até mesmo com as punições excessivas ao Schumacher.

Para fazer esse exercício de suposição, temos que levar em conta que a FIA não mudaria o regulamento dos carros, com isso a Williams iria demorar mais a se recuperar no campeonato, as quebras de Mansell e Coulthard poderiam acontecer no carro de Senna e as desclassificações e punições do Schumacher (manobras claramente políticas para equilibrar o campeonato) não aconteceriam com Senna ainda vivo.

 

Explicando melhor, no GP Inglaterra 1994 provavelmente Senna e Hill estariam na 1a fila e Schumacher largaria em 3o lugar sem ter como ultrapassar Hill e Senna na volta de aquecimento, portanto não teria sido punido nem suspenso na Itália e em Portugal. A desclassificação na Bélgica também não aconteceria, pois só aconteceu devido à mudança de regulamento imposta pela FIA e a exigência da colocação da prancha de madeira no fundo do carro.

Levando em conta as premissas acima, fiz de forma mais imparcial possível o “exercício de suposição” corrida a corrida e o campeonato ficaria da seguinte forma:

Piloto           Mon  Esp   Can   Fra     Ing    Ale      Hun   Bel    Ita   Por   Eur    Jap    Aus 

-----------------------------------------------------------------------------------

Schumacher   36    40     46    56      62     62 (**) 72      78    84    94   100    104    110    Campeão

Senna           10     20     30    30 (*)  40    40 (*)   46     56    66    76    86     96    106    Vice

Hill                7      13     17     21       25     31       35      39    49    55    59      65     71     3º colocado

(*) Quebra de câmbio na França e problema elétrico na Alemanha para Senna.

(**) Quebra de motor de Schumacher na Alemanha. Schumacher não teria sido desclassificado na Inglaterra nem na Bélgica, nem suspenso na Itália e em Portugal.

 

Lógico que isso é um exercício de suposição, mas Schumacher teria um pouco mais chances de ser campeão do que Senna, ajudado pelo fato de ter aberto 30 pontos no começo do ano e ter corrido todas as 16 corridas do campeonato.

 

9) COMO SERIA A TEMPORADA DE 1995 COM SENNA VIVO?

 

Já em 1995, ao contrário do que muitas pessoas inadvertidamente afirmam, Senna teria sido campeão facilmente, com Schumacher vice e Damon Hill em 3º lugar, haja vista a melhora do carro da Williams.

 

A quantidade de pontos perdidos por erros de pilotagem que Hill cometeu durante o ano, mesmo tendo um carro melhor, fez erradamente as pessoas acharem que Senna não teria sido campeão nesse ano, o que é um engano.

E para completar, pilotos como David Coulthard e Jacques Villeneuve não teriam surgido em equipes de ponta na F1 com tanta facilidade na F1. Eles só tiveram essas chances devido a morte de Ayrton Senna e os demais pilotos estarem comprometidos com suas equipes (Barrichello, Alesi, Berger, etc).

bottom of page