NIKI LAUDA, O COMPUTADOR

Niki Lauda começou sua carreira no final dos anos 60 nos carros de Turismo e em 1969 passou para a Fórmula V, mas sem muito destaque. Em 1971, ele decidiu que tinha que continuar no automobilismo e pegou um empréstimo de 30.000 libras no banco para bancar sua carreira.

Em 1971, como o dinheiro do empréstimo, ele correu e venceu a John Player Special de F2 de 1971 com 31 pontos e Ronnie Peterson foi vice com 27 pontos. No campeonato de F2 Europeu, Peterson foi campeão, Reutemann foi vice, Wilson Fittipaldi foi o 6o e Lauda ficou em 10o lugar.

Em meados de 1971, ele comprou uma vaga na equipe March de F1 por 2.000 libras e correu ao lado de Ronnie Peterson, dessa vez como companheiro de equipe.

Lauda correndo de Turismo Lauda estreou na F1 no March 711 Ford em 1971

Em 1972, ele pegou novo empréstimo no banco para correr a temporada inteira da F2 Europeia, ficando em 5o lugar no campeonato, nessa temporada ele fez bons duelos com James Hunt, que viria a ser seu rival na F1 em 1976. Nesse mesmo ano, ele voltou a correr na F1 na equipe March ao lado de Ronnie Peterson, mas dessa vez não teve uma relação muita amigável com o sueco.

Em 1973, ele correu na BRM, perdeu para Jean Pierre Beltoise, mas ficou na frente de Clay Regazzoni. O que chamou atenção do piloto suíço era a capacidade de Lauda de passar informações sobre o carro. Em 1973 Regazzoni havia sido convidado para voltar a Ferrari no lugar de Jack Ickx que não iria correr pela equipe, então o piloto suíço recomendou o austríaco para ser seu companheiro na Ferrari. Mal sabia ele, que Lauda se transformaria no seu carrasco na Ferrari...

Em 1974, Lauda começou a passar informações e fazer recomendações de melhoria sobre o carro, a Ferrari apresentou nítida melhora no desempenho em relação aos anos anteriores, rivalizando com a McLaren, que tinha contratado Emerson Fittipaldi, outro bom no acerto do carro, que também apresentou melhoras em 1974. Lauda fez 9 poles e só não foi campeão, por causa dos acidentes que ele se envolveu (Inglaterra, Alemanha e Canadá) que lhe tiram pontos importantes no campeonato.

Em 1975, Lauda "explodiu" como piloto na F1, não tomou conhecimento de ninguém e foi campeão da F1 com extrema facilidade. Para se ter uma ideia Clay Regazzoni ficou em 5o no campeonato e o vice campeão foi Emerson Fittipaldi na McLaren. A precisão da sua pilotagem e sua frieza nas pistas, fez a mídia da época apelidá-lo de "COMPUTADOR".

Em 1976, ele estava liderando o campeonato quando sofreu um gravíssimo acidente no GP Alemanha, em Nurburgring, que quase o matou por causa do monóxido de carbono inalado por ele. Niki ficou no fogo por 55 segundos, foi hospitalizado e só voltou a correr no GP Itália chegando em 4o lugar.

James Hunt, antigo rival do Lauda na F2, foi marcando pontos e chegou na pontuação do austríaco no final do ano. Na última corrida da temporada, no GP Japão 76 debaixo de chuva, Lauda se recusou a correr por questão de segurança. Hunt chegou em 3o lugar e se sagrou campeão. Hoje vejo erradamente muitas pessoas criticarem James Hunt, mas NUNCA podemos tirar os méritos do piloto inglês, que não teve culpa por Lauda não ter corrido.

Acidente em Nurburgring 76 quase lhe tirou a vida Lauda na Ferrari em 1976

Em 1977, a própria Ferrari tinha posto o talento de Niki Lauda em cheque, e não acreditava que ele pudesse entregar boas performances, mas o austríaco calou a boca dos críticos, foi novamente campeão da F1 com extrema regularidade e marcou 72 pontos (recorde na F1) e isso por que ele correu duas corridas a menos. Para se ter uma ideia seu companheiro de equipe era Carlos Reutemann, que era um excelente piloto, ficou em 4o lugar no campeonato.

Em 1978 e 1979, ele se transferiu para a Brabham teve boas atuações, mas o carro não era capaz de fazê-lo lutar pelo título contra Lotus e Ferrari. Em 1979, um novato chamado Nelson Piquet, futura promessa de gênio da F1, apareceu na equipe, começou a andar mais que o austríaco, e isso fez Niki Lauda desanimar e se aposentar temporariamente da F1.

Lauda na Brabham 1979 Lauda na McLaren 1984

Em 1982, Ron Dennis convenceu Niki voltar à F1, ele venceu duas corridas, mas o carro não era campeão e ele foi batido por John Watson em 1982 e 1983.

Em 1984, a McLaren empurrada pelo motor TAG-Porsche dominou a temporada, com dois pilotos geniais e bons acertadores de carros: Niki Lauda e Alain Prost. Eles jamais tocaram rodas nas pistas e venceram 12 corridas, sendo que Lauda sempre vinha do meio do grid e chegava na frente, com uma consistência incrível. Ele se sagrou campeão por meio ponto, igualando o sei recorde de pontos de 1977 (72 pontos), mas ajudado pelo fato de Alain Prost ter marcado metade dos pontos do GP Mônaco 1984 e o francês ter perdido mais pontos por abandonos que o austríaco. Foi um golpe de sorte, mas o que ficou foi o 3o título para a LENDA Niki Lauda.

CURIOSIDADE: Em 1984 ele disputou a Corrida das Celebridades com a Mercedes 190E com vários ex-pilotos de F1 e Senna entrou na vaga de Emerson Fittipaldi que não pode comparecer. Depois do treino, Lauda reclamou que o carro de Senna estava melhor que o dele, então a organização do evento mandou trocar ambos os carros. Na corrida Senna ganhou com o carro que Lauda e Lauda chegou em segundo lugar com o carro de Senna (Veja foto abaixo).

Senna e Lauda Corrida das Celebridades 84 (1).jpg

Piquet, Lauda e Prost: 3 gênios Lauda campeão em 1984, 3 gênios no pódio

Em 1985, a McLaren já não era o carro dominante e Prost simplesmente "destruiu" Lauda que estava em final de carreira e ele resolveu se aposentar de vez da F1. Assim como Piquet em 79, Prost foi responsável pela aposentadoria do Lauda.

Analisando o que aconteceu nos anos 70, tudo leva a crer que a melhora no desempenho da Ferrari foi impulsionada pelo feedback que Lauda dava a equipe e ao trabalho chefiado por Mauro Forghiere. A Ferrari nitidamente evoluiu seu carro nos anos com Lauda, e quebrou o jejum de 11 anos sem títulos, quando Lauda ganhou o caneco em 1975 e 1977.

O mesmo aconteceu quando Jackie Stewart e Fittipaldi entraram respectivamente na Tyrrell e na McLaren, notou-se forte evolução desses carros, pois naqueles dias o piloto precisava passar boas informações sobre o comportamento do carro. E nisso Stewart, Fittipaldi e Lauda estavam acima de todos os outros pilotos da F1.

O único ponto negativo da carreira de Lauda, é que ele perdeu para 5 companheiros de equipe (Peterson: 1971 e 1972, Beltoise: 1973, Regazzoni: 1974, Watson: 1982 e 1983, e Prost: 1985), mas independente disso, Lauda está no patamar dos GRANDES GÊNIOS da F1, pelo exemplo que perseverança e por sua capacidade técnica na F1.